215. Massas de Ar

As massas de ar são grandes porções da atmosfera com temperaturas, (consequentemente pressões) e umidades homogenias. Em resumo, são volumes de ar com características uniformes. São formadas acima de regiões relativamente planas, já que locais com diferentes altitudes formam atmosferas com temperaturas desiguais. Nessa linha de raciocínio, desertos, planícies e os oceanos são regiões ideais para se formarem massas de ar.

São gigantescas, chegando a alcançar centenas de Km² na horizontal e alguns Km na vertical. De acordo com a pressão atmosférica, podem se movimentar, levando suas características iniciais para outras regiões. Obviamente, a medida que se movimentam, podem perder ou adquirir novas propriedades.

Formato básico de uma massa de ar. Imagem: Internet.

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Em termos de características as massas de ar podem ser quentes ou frias, úmidas ou secas, gerando as possibilidades:

  • Quente e úmida;
  • Quente e seca;
  • Fria e úmida;
  • Fria e seca;

Além disso, é observado o local de origem:

  • Polares (próximas aos polos). Em algumas classificações, mais detalhadas, as polares são próximas aos Círculos Polares, enquanto as Árticas e Antárticas próximas a latitude 90°.
  • Tropicais (Dentro dos trópicos);
  • Equatoriais (Também dentro dos trópicos, mas próximo a linha do Equador).

Local de origem das massas de ar. MP (polar) MT (Tropical) ME (Equatorial). Imagem: Mundo Educação.

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Também em relação ao local de surgimento é analisado se a massa de ar é:

  • Continental (Formada acima de um continente)
  • Oceânica (Formada acima de um oceano, levando, então, o nome dele)

Antes da leitura sobre as massas de ar que atuam em nosso país, é interessante que nosso leitor leia sobre os tipos de chuvas (frontais, orográficas e de relevo), assunto em nosso blog no texto 171, confiram. 

Brasil

Nosso país, assim como todos os outros, é tremendamente influenciado pelas massas de ar. Em nosso caso, pelo enorme tamanho, são 5:

mEc – Massa Equatorial Continental

Como o próprio nome já indica, é formada próximo a linha do Equador, acima da Amazônia, daí as letras mEc (a letra do meio é maiúscula mesmo).

Por se formar acima de uma região de alta temperatura e muita evaporação, é uma massa de ara quente e úmida. Atua sobre o clima da Amazônia o ano todo, mantendo a região com uma única estação do ano em termos de percepção, o verão chuvoso. Na maioria dos dias do ano ela provoca chuvas de convecção no norte do país.

Atuação da mEc ao longo das principais estações do ano. Imagem: Internet.

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Dependendo da época do ano se expande e contrai. Nos meses de verão no hemisfério sul fica tão forte que chega a São Paulo e Minas Gerais. No inverno fica restrita ao Norte mesmo.

mEa – Massa Equatorial Atlântica

É uma massa de ar também formada na região equatorial, porém, acima do Oceano Atlântico, próximo ao arquipélago dos Açores. Mais uma vez, analisando seu local de formação, sabemos que também é quente e úmida.

No verão ela é trazida pelos ventos alísios (formados pela rotação da Terra, sopram dos trópicos em direção ao Equador) e penetra em nosso território. A medida que entra, vai perdendo umidade, por isso não tem força para levar chuvas ao sertão nordestino. No inverno se desloca para o norte, mais próximo de sua área de origem.

Mesmo mudando ao longo do ano, essas são, em geral, as áreas influenciadas pelas mEa (vermelho acima) e mTa (roxo abaixo). Imagem: Internet.

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Assim como o próximo item, promove chuvas orográficas em todo o litoral onde atua.

mTa – Massa Tropical Atlântica

É uma massa de ar quente e úmida, já que se origina no oceano Atlântico, bem próximo do Trópico de Capricórnio.

Tem uma atuação bem interessante, no verão atinge o litoral do Sudeste e do Sul do Brasil. No inverno, sua força é maior, chegando a boa parte do litoral nordestino. Neste mesmo período do ano causa chuvas frontais quando se choca com a mPa.

mTc – Massa Tropical Continental

Essa massa de ar se forma acima de uma região denominada Chaco¹, entre Argentina, Bolívia e Paraguai. É quente e seca a única desse tipo a atuar em nosso território.

Chaco paraguaio. Ao final do texto leia uma explicação maior sobre este bioma, que pode conter desde pântanos e regiões bem secas como esta da foto. Imagem: 1000 dias de Rodrigo.

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Na primavera/verão se expande, atuando sobre a Região Centro-Oeste. A seca, as vezes prolongada no Pantanal, é causada pela ação dessa massa. A mEc (citada anteriormente) provoca muitas chuvas na região durante o verão, mas quando a mTc está muito forte, essas chuvas  podem demorar a chegar.

Entre o outono e o inverno, pode atuar no Sul e Sudeste do Brasil, bloqueando a chegada de frentes frias, criando o chamado veranico (verão fora de época).

mPa – Massa Polar Antártica

Imagem: Internet.

É formada no limite entre os oceanos Atlântico e Antártico. No início, é fria e seca, já que a evaporação na região é mínima. Depois, se torna fria e úmida, pois ao se deslocar para norte, vem margeando o litoral da América do Sul, adquirindo umidade.

No verão não tem força para chegar ao Brasil. Em compensação, no inverno do Hemisfério Sul, está tão forte que chega até o sul da Amazônia (veja imagem ao lado). Ela consegue ir serpenteando pelas regiões mais baixas no centro do continente. A cada entrada da mPa em nosso território, chamamos de frente fria, somando-se várias ao longo do ano.

Quando se choca com o ar mais quente do Brasil, em especial da mTa, promove chuvas frontais. Isso explica o fato sul do Brasil (clima subtropical) ser a segunda região mais chuvosa do país, só perdendo para o Norte (clima equatorial).

Atuações no verão e inverno

Abaixo, as imagens resumem as áreas de atuações de cada massa de ar. Interessante perceber as mudanças significativas entre o verão e o inverno no Hemisfério Sul.

Clique para ampliar. Atuação das massas de ar no Brasil ao longo do inverno e do verão. Imagem: Internet.

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1 – Chaco – É um conjunto de ecossistemas diferentes, contendo planícies gramadas, florestas e vegetação semiárida. No verão, pode chegar a incríveis 47°, por isso é uma região muito pouco povoada.

Um exemplo de como é diverso, em seu lado Oeste chove cerca de 400 mm por ano, muito pouco, já a Leste chega a chover 1600 mm, uma quantidade considerável. O nome deriva do termo “chacu”, na língua quéchua, e significa diversidade.

Publicado em 10.09.2018