84. A Cobra Fumou!

A 2º Guerra Mundial foi o maior conflito da história da humanidade,  durou de 1939 a 1945 e fez 70 milhões de vítimas. Só a União Soviética perdeu 26 milhões de cidadãos. Não existe nenhuma guerra que chegue perto desses números.

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Getúlio Vargas (1930). Imagem: Internet.

O Brasil demorou bastante para entrar no conflito. Os motivos dessa neutralidade são relativamente fáceis de se entender, pois,  para Vargas, estava difícil escolher um dos lados.

Nessa época, vivíamos sob uma dura ditadura imposta por Getúlio  desde 1937, conhecida como Estado Novo.  Bem diferente dos EUA, país democrático, o governo brasileiro se assemelhava bastante com as formas de governar de Hitler e Mussolini. O site da Fundação Getúlio Vargas (FGV), traz um texto onde nos mostra semelhanças entre o governo Vargas e o fascismo, confiram.

A Alemanha estava mergulhada no Nazismo, enquanto a Itália era dirigida pelo partido Fascista. As duas formas de governo são bastante parecidas e se baseiam no partido único, culto a um grande líder, oposição ao comunismo, expansão imperialista, mobilização das massas e aniquilação dos opositores. Outras características dessas nefastas ideologias eram o culto ao corpo (forma física) e a raça pura (no caso alemão, os arianos). Tudo isso regado a muitas propagandas e controle das informações.

Com algumas diferenças como a questão racial, já que somos um país de mistura étnica e da expansão do território,  pois já somos muito grande,  o Estado Novo se enquadrava em quase todas as características citadas no parágrafo anterior. Inclusive Vargas sempre foi acusado de manter em seu governo pessoas com diálogo direto com nazistas e fascistas.

A questão é que não poderíamos entrar na guerra ao lado da Alemanha, pois estamos localizados na América do Sul,  quintal de influência Norte-americano. Nessa encruzilhada, Vargas optou por não entrar no conflito, pelo menos até o ano de 1942.

Tendo uma economia atrelada a dos EUA e recebendo um enorme empréstimo dos yankees, no valor de 20 milhões de dólares, para a construção da CSN, a maior siderúrgica da América Latina, Vargas não tinha mais como ser neutro. Os ataques a navios brasileiros, efetuados por submarinos alemães, foi o estopim para que a opinião pública pressionasse nosso presidente, que finalmente escolheu seu lado.

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Vargas e Frank D. Roosevelt, presidente norte americano. Mesmo tendo um governo ideologicamente próximo aos alemães, economicamente, estávamos atrelados aos EUA. Imagem: Internet.

E a cobra fumou!

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Símbolo da FEB. Imagem: Internet.

Em 1943 foi organizada a FEB, Força Expedicionária Brasileira. Um ano depois, em julho de 1944, os primeiros  militares brasileiros começaram a chegar à Itália. Ao todo, o Brasil enviou 25.334 soldados, dos 100 mil inicialmente previstos. O símbolo da FEB era a “cobra fumando” pois Getúlio havia dito:
-“É mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na Guerra.”

Equipados e treinados pelos norte-americanos, nossos soldados ajudaram os EUA a libertar a Itália do domínio nazista. Nossa participação na 2º Guerra foi modesta, mas onde lutamos, demonstramos muita garra e coragem, atuando como unidade integrante do  4º Corpo do 5º Exército norte-americano.

Os pracinhas, diminutivo de praça (soldado), como eram chamados, obtiveram grandes vitórias e liberaram cidades e regiões como Turim, Montese e Monte Castello. Mais de 14 mil soldados alemães se renderam aos brasileiros.

Batalha de Monte Castello

Foi a maior batalha dos brasileiros na Europa, ocorrida em uma região montanhosa situada a 61,3 km de Bolonha. A missão da força brasileira era tirar Monte Castelo do controle dos alemães, pois o local representava uma posição estratégica, já que se encontrava no caminho para Bolonha, importante cidade do Norte da Itália.

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FEB em Monte Castello. Imagem: Internet

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A disputa pela região durou 3 meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945. Consistiu em 6 grandes ataques contra as posições alemãs. A disputa foi pesadíssima, lutando contra um forte e experiente adversário, posicionado em uma posição privilegiada, resistindo ao frio e se locomovendo por um terreno enlameado, conquistamos nossa maior vitória.

O General Otto Freter, comandante da 148ª divisão alemã, apresentando a rendição de sua tropa ao General brasileiro Zenóbio da Costa (Arquivo do Exército Brasileiro).

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Este ano se completaram 70 anos desta batalha e o jornal “O Globo” fez uma reportagem sobre o assunto, confiram. Outra dica é o site “História ilustrada”, que nos mostra uma série de fotos raras da participação brasileira na Itália, confiram.

Baixas

Perdemos cerca de 450 soldados durante a 2º Guerra, além de 12 mil feridos. Por Estado, as baixas ficaram assim: São Paulo 92, Minas Gerais 80 e Guanabara 63. O Distrito Federal, na época a cidade do Rio de Janeiro, perdeu 50 cariocas, além de  29 paranaense,  28 catarinenses, 21 gaúchos, 17 goianos, 13 pernambucanos, 12 capixabas. 11 baianos, 6 cearenses, 6 paraibanos, 6 potiguares, 6 sergipanos, 5 alagoanos, 4 paraenses, 2 piauienses, 1 acreano e 1 amazonense.

Senta a Púa

A atuação brasileira na 2º Guerra também se fez presente na aviação.  Sedemos pistas para aviões norte-americanos, a mais destacada em Natal-RN e enviamos pilotos que atuaram em combate.

Treinados pelos norte-americanos para missões de proteção ao Canal do Panamá, nossos pilotos ganharam notoriedade e foram enviados para o front europeu, onde ajudou a FEB em sua missão de libertar a Itália. Foram enviadas para a Itália duas unidades aéreas da FAB (Força Aérea Brasileira), o 1º Grupo de Aviação de Caça, o “Senta a Púa”, e a Primeira Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO).

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Pilotos brasileiros na Europa. Imagem: Internet.

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A expressão “Senta a Pua”, lema dos nossos aviadores, era como se fosse um incentivo, no estilo “manda bala”, “manda ver”. Era uma expressão muito comum no Nordeste naqueles tempos e foi adotada como mote de nossos pilotos quando atacavam o inimigo.

A esquadrilha afundou submarinos alemães, deu suporte na conquista de Monte Castello e, em uma única operação, destruiu 80 caminhões alemães, dentre outros sucessos. O lado negativo, porém, inexorável em uma guerra, foi que tivemos 5 pilotos abatidos e 8 feitos prisioneiros.

Vejam histórias e casos fantásticos sobre nossos pilotos em um documentário, de quase 2 horas, sobre o assunto, confiram.

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Símbolo do “Senta a Púa”. Imagem: Internet.

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Independente do tamanho da participação, nossos soldados, dentro do que foi proposto a eles, fizeram um excepcional trabalho, sendo recebidos no Brasil com enorme festa. Para finalizar, mais uma dica, o canal Globo News fez um documentário de 23 minutos sobre a FEB, confiram.

Espero ter aumentado seu conhecimento.  Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 08.11.2015

 

 

 

 

 

 

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