144. Terrorismo: A Venal Política Externa Norte-Americana

Os atentados ocorridos em Nova Iorque e Washington, no dia 11 de setembro de 2001, ficarão para sempre na memória de quem vivenciou aquele momento ao vivo, seja in loco ou via televisão. Até mesmo jovens, nascidos depois do incidente, se impressionam com o acontecimento.

Os próximos textos de nosso blog  terão como objetivo clarear um pouco a situação. Tentaremos entender o que leva uma pessoa a matar milhares de inocentes, mesmo que isso custe a sua própria vida.

Evidente que nunca acharemos motivos plausíveis para tais atos, mas pelo menos elucidar, nem que seja minimamente, o que se passa na cabeça dessas pessoas.

A seguir, mostraremos uma sequência catastrófica de ingerências norte-americanas que reverberam até os dias de hoje no Oriente Médio:

Por que o ódio aos EUA?

A gênese do problema é a política intervencionista dos EUA. Ao longo do século XX, o país se tornou a economia mais poderosa do planeta, sempre defendendo a democracia internamente, o que não se pode falar de sua política internacional.

Para preservar seus interesses, a maior potência do mundo patrocinou golpes, guerras e regimes autoritários em todo mundo, inclusive no Brasil, no ano de 1964. No Oriente Médio não foi diferente, como nos casos do Irã, Arábia Saudita e Egito.

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A charge critica a forma como os EUA “defendem” a democracia pelo mundo. Veja mais no blog Café no bule.

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Revolução Islâmica no Irã

As tentativas de ocidentalizar países do Oriente Médio, invariavelmente causaram o efeito oposto, como no caso do Irã. Em 1979, liderados pelo fundamentalista islâmico Aiatolá Komehini, a população local retirou do poder o governo fantoche de Rezha Pahlevi, aliado dos EUA. Esse importante momento histórico foi tema em nosso blog no Texto 101.

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Iranianos saudando a foto de Komehini. Imagem: Internet

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A Revolução Islâmica no Irã foi tão importante, que os norte-americanos temiam que ela se alastrasse por toda a região. Não era interesse yankee que 63% do petróleo mundial (Oriente Médio) passasse para controle de fundamentalistas religiosos. Algum país, urgentemente, teria que frear o ímpeto dos aiatolás. Saddam Hussein, ditador do Iraque, se ofereceu para o serviço.

Guerra Irã-Iraque

Aproveitando-se do momento conturbado vivido pelo seu vizinho, os iraquianos partiram para o ataque. O que Saddam queria era o Khuzistão, província iraniana mais rica em petróleo. Outra motivação óbvia do governo iraquiano era inibir qualquer tentativa de revolução interna, já que grande parte do Iraque é formando por islâmicos xiitas, grupo também majoritário no Irã. Uma revolução deste porte em seu vizinho poderia incentivar algo parecido no Iraque.

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Saddam Hussein e Aiatolá Komehini. Imagem: Internet

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No melhor estilo “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, os EUA apoiaram Saddam.

A guerra durou  de 1980 a 1988. O número de mortes ultrapassou 700 mil. Armas de destruição em massa e crianças foram usadas no conflito.

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Locais das batalhas entre os dois rivais. Destaque para o uso de ataques químicos por parte dos iraquianos. Imagem: Internet

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Para complicar ainda mais a situação, os EUA, além de venderem armas ao Iraque, passaram também a fornecer ao Irã. Não era interesse dos falcões norte americanos a vitória de nenhum deles. O ideal era que os dois se destruíssem.

Essa inusitada ajuda secreta dos yankees ao país dos aiatolás ficou conhecida como o “Caso Irã-contras”. Isso porque o dinheiro aferido com a venda dessas armas seria repassado a um grupo guerrilheiro na Nicarágua, que lutavam contra um golpe que  retirou do poder um governo pró EUA naquele país.

Os EUA apoiavam oficialmente o Iraque e clandestinamente o Irã. Essa é a inescrupulosa política externa norte-americana.

Guerra do Golfo 1991

Após a guerra Irã-Iraque ambos  países estavam devastados. Milhares de mortes e exuberantes gastos militares jogaram as duas nações em uma forte crise. A solução para Saddam parecia simples, invadir o Kuwait. Apesar de militarmente frágil, o pequenino emirado é um gigante em reservas de petróleo.

Alegando que seu vizinho estaria produzindo petróleo demais, diminuindo o preço internacional, Saddam ordenou que 60 mil soldados e 350 blindados marchassem rumo a pequenina nação.

Controlando as reservas do Kuwait, o Iraque teria posse de 20% do petróleo mundial, se tornando um fortíssimo player internacional.

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Mapa do Iraque. A seta nos mostra o Kuwait, pequeno país transformado temporariamente em 19º província iraquiana. Imagem: internet

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O líder iraquiano calculou mal. Por ter entrado em  guerra contra o Irã, imaginou que os EUA não interfeririam em sua invasão. Ledo engano.

Com o Golfo Pérsico paralisado, os maiores consumidores de petróleo do planeta estavam preocupados. George Bush, o pai, presidente norte-americano, estava pronto para agir.

Em 29 de novembro de 1990, a ONU estipulou um, prazo até 15.01.1991 para que o exército iraquiano se retirasse do Kuwait. Como isso não ocorreu, no dia 17 um pesado bombardeio assolou a capital do Bagdá, a capital do Iraque. Tudo transmitido ao vivo pela rede de tv norte americana CNN.

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Photobox das tropas americanas no Kuwait. Imagem: Wikipédia.

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Por terra e ar, os EUA lideraram uma coalizão imensa para libertar o Kuwait. Cerca de 1 milhão de soldados, dos quais, 700 mil norte-americanos foram mobilizados. As tropas iraquianas eram cerca de 650 mil, porém, um exército bastante obsoleto.

Foi um massacre tecnológico. Enquanto a coalizão perdeu algo entorno de 400 soldados, o Iraque perdeu entre 20 a 35 mil.

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Antes de saírem  do Kuwait, os iraquianos queimaram cerca de 600 poços de petróleo kuwaitianos. Imagem: Internet

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A vitória na Guerra do Golfo não foi o capítulo final dos problemas.

A terra de Maomé

Para atacar as tropas iraquianas, Bush enviou milhares de soldados para bases na Arábia Saudita. Ainda hoje os EUA possuem tropas estacionados no país com a maior quantidade de petróleo em todo o mundo. O detalhe é que este reino é considerado solo sagrado pelos muçulmanos. Foi na cidade saudita de Meca que nasceu o profeta Maomé, dando início a religião. A presença ocidental foi considerada um grande insulto. O efeito dominó, um problema gerando outro, derrubou mais uma peça.

Toda essa interferência no Oriente Médio, o apoio declarado a Israel e presença militar na Arábia Saudita, são os principais motivadores do ódio que os radicais religiosos islâmicos nutrem contra os Estados Unidos.

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Na cor azul, as tropas baseadas na Arábia Saudita durante a Guerra do Golfo. Imagem: Internet

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Nosso blog já abordou o islamismo, religião pacífica, porém, com uma minoria radical. A mistura de doutrinação religiosa com problemas sociais, presentes em vários países muçulmanos, é muito perigosa. Em alguns casos, a única mão estendida aos jovens é a do radicalismo.

Outro ponto importante a se destacar é que não estamos aqui justificando atos de terrorismo. Nosso objetivo é entender um pouco mais o que se passa na mente de quem arquiteta esses atos covardes.

Próximo texto

Completando o assunto, abordaremos o surgimento da Al Qaeda, grupo terrorista que perpetrou os Atentados de 11 de Setembro. Veremos também a ascensão da milícia Talibã no Afeganistão. Simplesmente imperdível!

Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 16.11.2016