147. Guerra ao Terror

Em nossos últimos textos mostramos a complexa construção dos chamados atentados de 11 de setembro. Foi um grande marco histórico, modificando para sempre as relações internacionais em nosso planeta.

Como explica a terceira lei de Newton, toda ação gera uma reação, e foi exatamente isso o que aconteceu. O presidente norte americano na época, George W. Bush iniciou uma violenta campanha militar conhecida como “Guerra ao Terror”.

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George W. Bush em um pronunciamento ao país. Imagem: Internet

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Esta reação se deu de várias formas. Ideologicamente teve início uma ruptura com o mundo muçulmano. Até mesmo a palavra “Cruzada” foi proferida pelo presidente norte americano.  Na esfera diplomática os EUA se tornaram ainda mais truculentos e foram expandidos os serviços de inteligência e contra inteligência. Entre tantas mudanças, sem dúvida, as mais impactantes foram  as ações militares:

Invasão do Afeganistão – 2001 

Parece que existem povos no mundo destinados ao sofrimento. Esse é o caso dos afegãos. Após serem invadidos pela URSS em 1979, passarem por uma duríssima guerra civil e serem controlados pela milícia Talibã, no ano 2001 foram invadidos pelas tropas norte americanas. No passado a região já havia sido invadida por Alexandre Grande, pelos mongóis e pelo império britânico, mais isso é uma outra história.

Escorando-se na busca por Osama Bin Laden, além do fechamento de campos de treinamento de terroristas no país, os EUA invadiram o Afeganistão, com suporte do Reino Unido, em 07 de outubro de 2001. Foi a primeira grande ação militar pós 11 de Setembro. A operação foi chamada de “Enduring Freedom” (Liberdade Duradoura). Foi o primeiro grande capítulo da Guerra ao terror.

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Porta-aviões Kitty dando suporte a operação  Enduring Freedom. Imagem: Internet

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Em 2003 a OTAN¹ assumiu parte do comando das tropas ocidentais no devastado país asiático. As principais cidades bombardeadas foram Cabul, Jalalabad e Kandahar e o controle do país foi rapidamente conquistado. O que não significou o fim do Talibã que, até os dias de hoje, ainda operam na fronteira com o Paquistão.

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Combatentes norte americanos no Afeganistão. Veja no site Mundo Estranho os 30 Kg de tecnologia que cada um carrega consigo. Imagem: Internet

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Um dos trunfos norte-americanos, além da tecnologia, foi o suporte da Aliança do Norte, grupo de afegãos inimigos dos Talibãs.

As batalhas mais complexas foram pelo controle de Kandahar, último reduto da milícia que controlava o país. Outro local muito hostil foram as montanhas de Tora Bora. Nesse último local se desenhou a fuga de Osama Bin laden para o Paquistão.

Por fim, líderes tribais e ex-exilados criaram um  novo governo sob comando de Hamid Karzai.  No total, a OTAN perdeu 3.424 soldados, sendo 2.313 norte-americanos. Segundo as estimativas, o Talibã perdeu cerca de 40 mil combatentes.

Osama Bin Laden só foi capturado e morto em maio de 2011, na operação chamada de  Neptune Spear ( Lança de Netuno). Por 10 anos o terrorista conseguiu se esconder da máquina de guerra yankee.

Um espetacular filme foi lançado retratando toda essa operação, seu nome é “A hora mais escura”.

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Leia a crítica do filme no site Adoro cinema. Imagem: Divulgação

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Atualmente os EUA diminuíram drasticamente seu contingente no país, contando com menos de 10 mil combatentes. O objetivo é manter o controle  das principais cidades e treinar o recém criado exército afegão, evitando uma retomada do poder pelo Talibã.

Veja uma troca de tiros no Afeganistão na visão de um soldado norte americano no site Youtube.

Invasão do Iraque – 2003

Se as operações no Afeganistão se sustentavam na busca por Osama Bin Laden, no Iraque a situação foi bem diferente.

Nenhum iraquiano era terrorista no 11 de Setembro (15 dos 19 eram sauditas). Saddam Hussein não teve nenhuma relação com o atentado. Absolutamente nada ligava o Iraque a Guerra ao terror.

A desculpa utilizada por George W. Bush foi que o Iraque produzia e armazenava armas de destruição em massa. Como nada foi encontrado, parece nítido que o que os falcões norte-americanos realmente queriam era controlar a segunda maior reserva de petróleo do mundo.

A Invasão teve início no dia 20 de março de 2003, com 148 mil combatentes norte-americanos e 48 mil britânicos, sendo finalizada em 1 de maio do mesmo ano. A partir deste momento começou o período conhecido como ocupação do Iraque.

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Estátua de Saddam Hussein sendo retirada. Imagem: Internet

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Em seu pico máximo, 176 mil soldados americanos estavam lotados no Iraque. Além de 7 mil agentes de empresas paramilitares. Conheça melhor a mais famosa e controversa empresa de segurança privada norte americana, a Black Water.

A ocupação foi tremendamente complicada. Todo e qualquer iraquiano era tratado como possível ameaça. Vários filmes foram produzidos para retratar este dilema, entre eles indicamos “Sniper Americano” (2015), “Zona Verde” (2010)  e o vencedor do Oscar “Guerra ao terror” (2010).

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Cena do premiado filme Guerra ao terror. Imagem: Divulgação.

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A coalizão de países que invadiu o Iraque tive 4.805 baixas, das quais 4.487 americanos. O número de feridos impressiona, 51 mil.  As empresas paramilitares perderam 1.554 mercenários.

As operações no Iraque foram oficialmente finalizadas em 18 de dezembro de 2011, após 8 anos de ocupação e a retirada do poder, captura e morte de Saddan Hussein (2003), além da criação de um novo governo.

As batalhas mais intensas foram travadas na cidade de Falluja, reduto da resistência iraquiana. Os combates urbanos neste local foram considerados os mais difíceis desde a Guerra do Vietnã.

A polêmica Abu Ghraib

A invasão do Iraque gerou inúmeros problemas e aumentou exponencialmente o ódio dos iraquianos em relação aos EUA.

Um dos episódios mais marcantes foi o vazamento de fotos de torturas praticadas pelos soldados americanos na prisão controlada por eles a 32 Km de Bagdá, chamada Abu Ghraib.

Essas imagens revoltaram o mundo muçulmano e serviu como combustível para a insurreição iraquiana.

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Lynndie England, soldado estadunidense, segurando correia atada ao pescoço de um prisioneiro muçulmano. Imagem: Internet

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A invasão da nação de Saddan Hussein gerou como reação a criação da Al Qaeda do Iraque, que mais tarde ganhou vida própria, passando a se chamar Daesh (Estado Islâmico). Este fato  foi o tema em nosso blog no texto número 78.

Madrid e Londres 

Uma das maiores consequências da Guerra ao terror foram os atentados cometidos pela Al Qaeda em países que apoiaram os esforços militares dos EUA.

Na manhã do dia 11 de março de 2004, dez bombas explodiram no metrô de Madrid. Outras 3 foram encontradas e seriam detonadas quando o socorro chegasse ao local. O número de vítimas foi de 91, com mais de 2 mil feridos. O governo do PP (Partido Popular), liderado por José María Aznar tentou colocar a  culpa no grupo separatista ETA, mas logo evidências ligaram o caso a fundamentalistas islâmicos.

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Vagão destruído em Madri após a explosão de bombas. Imagem: Internet

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Por ter inserido a Espanha no problema norte americano, resultando no atentado,  o PP perdeu as eleições que vieram logo em seguida.

Em 7 de julho de 2005 foi a vez do maior aliado norte americano sofrer, o Reino Unido. Em plena hora do rush (8:50 AM), 4 explosões atingiram 3 trens do metrô e um ônibus no centro de Londres. Um número total de 52 vítimas morreu e mais de 700 ficaram feridas.

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Icônico ônibus de Londres destruído. Imagem: Internet

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Mesmo após os atentados inocentes continuaram a morrer. No dia 22 de julho de 2015, somente 15 dias após os atentados, o mineiro Jean Charles de Menezes foi confundido com terroristas e assassinado pela polícia londrina. Em 2015 este terrível acontecimento completou 10 anos. Entenda melhor o caso, suas repercussões e consequências  no site da Revista Carta Capital. 

Conclusão

Não existe outra conclusão, após a leitura dos nossos 4 últimos textos, que não seja a velha e surrada frase “violência gera violência”. Percebam a sequência de fatos que foram se desencadeando desde décadas passadas até os dias de hoje. As intervenções norte americanas criaram os fantasmas que ainda hoje atormentam o mundo ocidental.

Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 14.12.2016