182. O Poder dos Emergentes – BRICS

Os países que formam os BRICS despertam grande curiosidade em sala de aula. Perguntam se é um bloco econômico, uma associação de países ou seja lá o que a imaginação dos alunos consegue imaginar.

Origem

Jim O’Neill, criado do termo BRIC.

A sigla foi criada em 2001 por Jim O’Neill, chefe de pesquisa em economia global do importante grupo financeiro Goldman Sachs.

Segundo o britânico, os BRIC’s, ainda com “s” minúsculo, reuniam os 4 países com potenciais para mudar a ordem econômica internacional: Brasil, Rússia, Índia e China.

Os 4 gigantes subdesenvolvidos seriam os únicos com capacidade para desbancar as grandes lideranças econômicas e políticas do mundo, entre elas EUA, França e Reino Unido.

A partir de 2006 os países envolvidos começaram a se movimentar para criar um  organismo que, de forma formal, proporcionasse encontros entre os líderes dessas potências emergentes, com o intuito de aprimorar o diálogo entre todos.

Se separados já chamavam a atenção, juntos poderiam muito mais.

O primeiro passo, a primeira reunião oficial do grupo, ocorreu em julho de 2009, na Rússia. A partir dessa data, o acrônimo BRIC deixou de ser só uma junção de letras e se tornou uma entidade político-diplomática, que se reúne anualmente para discutir formas de se integrar melhor.

Em  2010, ano em que sediaria a Copa do Mundo de futebol, a África do Sul (South Africa) foi convidada e entrou na organização. A partir desse ponto, o “s” minúsculo (BRIC’s) passou a representar a maior potência econômica da África,  se tornando maiúsculo, BRICS.

Cúpulas

Anualmente os chefes de Estado se encontram. Até o presente momento já tivemos 9 reuniões, sendo duas no Brasil:

  • 1º – Ecaterimburgo, Rússia, junho/2009;

Primeira cúpula na Rússia: Lula (Brasil), Medviedev (Rússia), Hu Jin Tao (China) e Manmohan Singh (Índia). Lembrando que, na Rússia, Medviedev reveza o poder com Putin, seu mentor e considerado um dos idealizadores do grupo. Imagem: Internet.

 

  • 2º – Brasília, Brasil, abril/2010;
  • 3º – Sanya, China, abril/2011;
  • 4º – Nova Délhi, Índia, março/2012;
  • 5º – Durban, África do Sul, março/2013;
  • 6º – Fortaleza, Brasil, julho/2014;

Encontro dos BRICS no Brasil. Com a presença de Putin. Imagem: Internet

  • 7º – Ufá, Rússia, julho/2015;
  • 8º – Goa, Índia, outubro/2016
  • 9º – Xiamen, China, agosto/2017.
  • 10º – Joanesburgo, África do Sul, julho/2018
  • 11º – Curitiba, Brasil, novembro/2019

Poder do Grupo

Os BRICS ainda não formam um bloco econômico. Por enquanto representam um grupo de países que possuem algumas características comuns e se reúnem anualmente. Entretanto, nada impede que em um futuro próximo essa relação se estreite, culminando na formação de um organismo mais importante.

Juntos, os BRICS representam 26,46% da área emersa de nosso planeta, 42,58% da população mundial e 24,5% do PIB do planeta. Outro dado importante, juntos totalizam 45% da força de trabalho no mundo. São países populosos com muitos jovens e adultos. 

Em termos de área estão todos bem colocados:

  • 1 – Rússia – 17.075.000 km²
  • 2 – Canadá – 9.975.000 km²
  • 3 – China – 9.600.000 km²
  • 4 – Estados Unidos – 9.364.000 km²
  • 5 – Brasil – 8.512.000 km²
  • 6 – Austrália – 7.700.000 km²
  • 7 – Argentina – 3.761.274 km²
  • 8 – Índia – 3.287.590 km²
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  • 24 – África do Sul – 1.221.037 Km²

Comparação entre os 10 maiores países do mundo. Imagem: Internet

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A população dos BRICS impressiona no ranking (2019):

  • 1 – China – 1.433.783.686
  • 2 – Índia – 1.366.417.754
  • 3 – EUA –      329.064.917
  • 4 – Indonésia – 270.625.568
  • 5 – Paquistão – 216.565.318
  • 6 – Brasil – 211.049.527
  • 7 – Nigéria – 200.963.599
  • 8 – Bangladesh – 163.046.161
  • 9 – Rússia – 145.872.256
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  • 24 – África do Sul – 56.720.900

Anamorfose focada no tamanho da população do país. Imagem: Internet

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Em PIB, no ano de 2019, também estão no topo: (Em US $ trilhões)

  • 1 – EUA –  21,3
  • 2 – China –  14,2
  • 3 – Japão – 5,1
  • 4 – Alemanha –  3,9
  • 5 – Índia –  2,9
  • 6 – Reino Unido – 2,8
  • 7 – França – 2,7
  • 8 – Itália – 2,0
  • 9 – Brasil –  1,9
  • 10 – Canadá – 1,7
  • 11 – Coreia do Sul – 1,6
  • 12 – Rússia – 1,6
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  • 33 – África do Sul – 0,36

Clique para ampliar. Somente 5 países do mundo possuem grande PIB, população e área. Entre eles 4 BRICS. Imagem: Internet

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Esportes

Também podemos perceber o poder dos BRICS no esporte. China e Rússia são potências olímpicas. Além disso, os chineses sediaram as olimpíadas de Pequim 2008 e o Brasil a Rio 2016. Copas do Mundo serão 3 na sequência, África do Sul 2010 e Brasil 2014, já ocorridas, e a esperada Rússia 2018.

Finalizando os grandes eventos, os russos sediaram as Olimpíadas de Inverno de Sóchi 2014 e a capital chinesa dessa vez sediará Pequim 2022. 

Muito a melhorar

Como podemos perceber, os BRICS estão no topo de vários parâmetros importantes. Já quando o assunto é desenvolvimento social estão bem atrás. Através do IDH 2018 podemos ter uma noção mais clara da situação de cada um frente a outros países do mundo. Fonte: UOL.

  • 49 – Rússia – 0,816
  • 79 – Brasil – 0,759
  • 86 – China – 0,752
  • 113 – África do Sul – 0,699
  • 130  – Índia – 0,640

Esse atraso é uma característica marcante dos BRICS. São países onde boa parte da população está em processo de melhoria, tendo acesso a uma vida melhor. Isso amplia o número de consumidores, despertando o interesse de empresas do mundo todo, ávidas pelo crescente mercado interno de cada um.

Banco dos BRICS

Desde o início da organização, o principal avanço alcançado pelos membros foi a criação de um banco, em 2014, provido de recursos pelos BRICS.

A ideia era ser uma alternativa ao Banco Mundial, sempre presidido por um norte-americano, e ao FMI, sempre liderado por um europeu.

Com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento em países pobres e emergentes, pode concretizar a previsão de Jim O’Neill, modificando a ordem econômica mundial.

O New Development Bank (NDB), tem sede em Xangai, e está aberto a todos os países que fazem parte da ONU. Ainda assim, o estatuto do banco prevê que os emergentes controlem no mínimo 80% das ações.

A partir do momento que países do mundo todo se tornarem credores dos BRICS, a organização se tornará cada vez mais importante.

Em 2017 o NDB prevê o empréstimo de US$ 811 milhões para projetos de energias renováveis, o alvo central da empresa. Desse montante, US$ 300 milhões serão destinados ao Brasil. Veja mais sobre este empréstimo no site da Globo. 

Saibam mais sobre as ambições do banco no site da BBC Brasil.

Futuro e Projeção Internacional

A grande pergunta é se os BRICS podem se transformar em um bloco econômico. Existe essa possibilidade, mas acho remota, vide a quase impossível competição com os produtos chineses. Em um bloco, o mínimo que se espera é comercializar sem impostos, o que seria uma loucura com os chineses no acordo.

Ainda assim, os BRICS dão ao Brasil exatamente o que o Mercosul não consegue, uma projeção internacional gigantesca, já que estamos ao lado de grandes potências econômicas, como a China, e militares, como a Rússia.

Clique para ampliar. O PIB somado dos BRICS é compatível com a economia norte-americana. Fonte: Revista ISTOÉ.

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Desde a fundação do grupo, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, demonstrando o potencial que existe a ser explorado. Sabendo explorar esse lado, os BRICS tem muito a acrescentar ao nosso país, tão pequeno em termos de inserção no comércio mundial e irrelevante nas decisões geopolíticas internacionais.

Fazer parte desse grupo pode nos ajudar até mesmo a alcançar o tão sonhado assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, onde China e Rússia estão presentes.

Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 05.10.2017

Atualizado em 21.10.2019