245. Circulação Geral da Atmosfera

O texto de hoje é um importante capítulo da Climatologia, ciência mais complexa da Geografia. Para compreendermos a circulação do ar é importante ler o texto com bastante atenção, além de observar com cuidado as imagens ilustrativas.

Pressão Atmosférica

O vento nada mais é do que o deslocamento de massas de ar, da alta pressão para a baixa pressão. Imagine duas salas, ambas pequenas, uma com 100 pessoas e outra vazia. Ao abrir uma porta e conectar os dois ambientes, a tendência é que parte das pessoas migrem da sala cheia para a vazia, igualando a quantidade de pessoas em cada, aliviando a lotação. Com o ar ocorre algo muito parecido.

Dois elementos influenciam bastante na pressão atmosférica. Um deles é a altitude, quanto mais próximo da superfície, mais alta e pesada é a coluna de ar pressionando o local. Outro forte elemento é a temperatura, o ar frio é mais denso, possuindo também maior pressão, enquanto o ar quente é mais leve e menos denso.

Chamamos as áreas de baixa pressão de ciclones, muito suscetíveis a chuvas (B). As áreas de alta pressão são chamadas de anticiclones, emissoras de vento (A). Imagem: Internet.

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Tendo esse conhecimento em mente e lembrando que o sol aquece o planeta de forma desigual, temos uma grande circulação de ar na atmosfera. Em um âmbito global, temos 3 grandes células de movimentações de ar.

Célula de Hadley (Tropical)

O nome é homenagem a George Hadley, que em 1735 propôs o modelo que deu início ao entendimento do assunto.

Como já mencionamos antes, o ar busca sair da alta pressão em direção a baixa pressão. Dessa forma, próximo a superfície da Terra temos um vento que sopra das latitudes 30º em direção ao Equador (0º), região mais quente do planeta, portanto, de baixa pressão. Esses ventos são famosos e se chamam Alísios, tanto os de norte quanto de sul. A princípio, deveriam ser retos, mas como o planeta gira da esquerda para a direita (rotação), na prática eles são curvados. No hemisfério norte eles são “desviados” para a direita, no hemisfério sul para a esquerda. Chamamos isso de Força de Coriolis.

A Força de Coriolis explica o desvio dos Alísios. Vejam na imagem que os ventos saem do ponto preto (atmosfera) em direção ao vermelho (que está na superfície do planeta). Porém, como a Terra se move, no mapa existe um pseudo desvio desses ventos, no caso, para a direita (norte). Gif: Internet.

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Ao chegar a aquecida região do Equador, os ventos Alísios esquentam e sobem, já que o ar quente é mais leve. Dessa forma, encontram uma atmosfera mais fria, perdem calor, diminuem o ponto de saturação e o vapor de água condensa, chovendo. É a famosa chuva de convecção, explicando o motivo da Floresta Amazônica ser tão úmida, assim como toda região equatorial.

Nosso texto 171 pode te ajudar a entender melhor a chuva, confira no hiperlink.

Em ambos os hemisférios os Alísios são “desviados” do leste para o oeste. Na verdade é o planeta que gira de oeste para leste, provocando esse fenômeno, como já mencionado anteriormente, é a Força de Coriolis. Imagem: Internet.

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Exatamente na Linha do Equador existe uma região de calmaria, sem ventos, já que os Alísios já se elevaram. É a Zona de Convergência Intertropical.

Para fechar o ciclo, o ar frio e seco resultante desse processo tem que descer, já que está pesado. Não tendo como declinar no Equador, onde existe um fluxo ascendente, ele desce para o lado, caindo sobre as latitudes 30º norte e sul. Por isso, essas regiões quase sempre são desertas, pois recebem um ar completamente seco vindo do alto. Esse ventos que sopram do Equador para os trópicos, em altas altitudes, são chamados de Contra-alísio e correm com um desvio oposto ao Alísios.

Clique para ampliar. Observem que a maioria dos desertos estão localizados próximos às latitudes 30º. Isso é culpa dos secos Contra-alísios. Imagem: Internet.

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A princípio, Hadley imaginou que os ventos polares chegavam ao Equador e vice-versa, formando uma enorme célula. Atualmente, sabemos que essa primeira célula se fecha por volta das latitudes 30º norte e sul.

Clique para ampliar. Resumo da Célula de Hadley. Imagem: Internet.

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Entendida a região tropical, vamos para a célula seguinte.

Célula de Ferrel (Média Latitude)

A chegada maciça dos Alísios por volta das latitudes 30º provoca uma área de alta pressão. Dessa forma, ela emite ventos, tanto pro Equador (Alísios), quanto principalmente para os polos (Ventos do Oeste).

Por volta das latitudes 60º, os Ventos de Oeste se chocam com o ar polar, mais denso. Dessa forma, o ar gelado polar forma uma rampa, elevando os Ventos de Oeste e mandando eles de volta para as latitudes menores. Como eles voltam em altitudes maiores eles resfriam e descem por volta das latitudes 30º, realimentando uma nova célula giratória.

A célula de Ferrel, por ser um ar mais frio que o tropical, não chega a grandes altitudes. Imagem: Internet.

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Como os Ventos de Oeste são uma espécie de continuação dos Contra-alísios, só que na superfície, correm no mesmo sentido deles, daí a origem do nome, ventos que vem do oeste.

Célula Polar

Essa é simples. As regiões polares possuem atmosferas extremamente frias, óbvio. Dessa forma, elas são áreas de altíssimas pressões, expulsando ar. Por volta da latitude 60º, esses ventos se chocam com a célula de Ferrel. Tendo a progressão impedida, esses ventos polares, um pouco mais quentes que no início, sobem, retornando aos polos por  altitudes mais elevadas, fechando a 3º célula.

Esses encontros entre massas de ar de temperaturas diferentes, causando elevações, costumam provocar chuvas.

Clique para ampliar. Apesar de ser uma generalização, essas são as 3 células básicas da circulação geral da atmosfera. À medida que se afasta do Equador as células ficam mais rasas, sobem menos, já que o ar é mais frio e pesado. Imagem: Internet.

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Como podemos perceber, temos uma alternância de altas e baixas pressões no planeta. Nos polos, altas pressões, aliviadas nas áreas com menores pressões em seus entornos, culminando em outras áreas de altas pressões nas latitudes 60º.  Nessas regiões temos os encontros das células polares com as de Farrel, que se aliviam, pelas altas altitudes, nas áreas de baixas pressões adjacentes. Aos 30º outras áreas de altas pressões, nos encontros dos Contra-alísios com as células de Farrel, que se aliviam em direção aos polos e ao Equador, área de grande porte com menor pressão no planeta.

As 3 células reunidas. Imagem: Internet.

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No gif, um exemplo simplificado de como as células da atmosfera giram (Clique na imagem para ativar o GIF):

 

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Publicado em 06.08.2019

 

2 comments to “245. Circulação Geral da Atmosfera”
  1. Muita Informação de qualidade, fazendo com que assuntos densos tornem-se palatáveis aos seus leitores. Parabéns Cleber! Desde a graduação já se mostrava uma mente além do seu tempo.

    • Grande Leo, um prazer ter você aqui meu amigo. Esse assunto realmente é o mais complexo. Depois segue Professor Clebinho no Instagram, por lá trocamos mais ideias. Abraço!

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