50. Crise: As Ruínas Gregas

Estamos comemorando 50 textos em nosso blog, um sucesso!

Nosso tema de hoje é a caótica situação econômica da Grécia, assunto abordado em todos os telejornais da atualidade.

O país

Grécia (em grego: Ελλάδα), oficialmente República Helênica, é conhecida desde a antiguidade como Hélade. De acordo com dados, do censo de 2011, a população grega é de cerca de 11 milhões de pessoas. Possui uma área de 131.957 km². Atenas é a capital e a maior cidade do país. Está localizada na Europa, estrategicamente na interseção com a Ásia (Oriente Médio) e a África.

Infelizmente não é o famoso Parthenon que vem atraindo as atenções do mundo nos últimos anos, mas sim, a grave crise econômica em que o país se encontra.

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Brincando com coisa séria, Acrópole, onde está localizado o Parthenon, a venda. Imagem: SRZD

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Os motivos que levaram a economia grega ao colapso são relativamente fáceis de se entender, simplesmente o governo gastou, durante anos, mais do que arrecadou. Algo relativamente parecido com o Brasil nos últimos anos. Porém, a Grécia é um país pequeno e com parcos recursos para sair da crise.

Entendendo melhor o Problema

Mesmo antes de entrar na Zona do Euro, em 2001, o governo grego sempre teve fama de grande gastador. Além disso, o povo grego pagava poucos impostos e o número de aposentados era enorme.

Para se ter uma ideia, os fundos de pensões gregos recebem do orçamento público cerca de 10% do PIB por ano. No resto da zona do euro a média é de  2,5%.

Na média, um grego se aposenta 6 anos antes que um alemão, natural de um país muito mais rico e poderoso. O salário do funcionalismo público foi aumentado em 100% em poucos anos.

Existe, inclusive,  uma grande desconfiança que, para entrar na Zona do Euro, alguns bancos ajudaram o país a maquiar suas contas, dando para a economia grega um ar mais saudável do que a realidade. Uma grande fraude.

Como na maioria dos países europeus, a Grécia possui grande percentual de idosos. Porém, no país, as pessoas se aposentam muito cedo, agravando o problema. Na foto, aposentados esperam a abertura do banco. Foto: Ansa/AP

Anos de Farra

Após entrar na Zona do Euro, a Grécia viveu um longo período de otimismo. Respaldados por economias mais poderosas, o país viveu um período de grande crescimento econômico.

O grande erro foi que, ao invés de aproveitar o bom momento vivido e fazer um ajuste fiscal em suas contas, diminuindo gastos e aumentando a arrecadação, o governo grego fez o contrário. Com um apetite enorme, queria mais dinheiro, e uma das formas de conseguir foi vendendo títulos da dívida pública.

O fato de sediar as Olimpíadas de 2004 aumentou ainda mais o apetite do governo grego por gastar.

Complexo olímpico de Athenas 2004. Muito dinheiro envolvido. Imagem: Internet.

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Dívida aumentando

Os títulos públicos possuem a finalidade primordial de captar recursos para o financiamento da dívida pública de um país, financiando atividades do governo como educação, pensões, saúde e infraestrutura. As pessoas ou instituições compram o título, e recebem este dinheiro de volta, anos depois, corrigido.

Em resumo, ao comprar um título da dívida pública você empresta dinheiro ao governo.

Por ter a mesma moeda de grandes potências como Alemanha e França, emprestar dinheiro a Grécia se tornou um negócio aparentemente muito seguro e vários bancos e instituições embarcaram nessa.

Com dinheiro entrando aos borbotões, o déficit entre o que o governo arrecadava e o que gastava chegou a 13,5% do Pib ao ano. Nenhum país poderia sobreviver economicamente a isso.

2008 e a Crise

Em 2008, praticamente todo o mundo capitalista entrou em uma grave crise, causada pelo desequilíbrio na maior economia do mundo, os Estados Unidos.

Para a Grécia foi um terror. De um lado, a liquidez internacional diminuiu, o dinheiro secou. Para piorar, o turismo diminuiu 50%, e com suas empresas vendendo menos, o desemprego aumentou.

Enquanto o governo grego aumentava seus gastos sociais, a captação de dinheiro diminuía. A crise emergiu com força.

Te empresto, mas quero receber

Em abril de 2010, o grupo conhecido como“Troika” (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) emprestou a exorbitante quantia de 110 bilhões de Euros a Grécia. Em contrapartida o governo grego se comprometeu a realizar um plano de austeridade fiscal, aumentando os impostos e segurando os gastos públicos.

A Grécia está refém da Troika, já que recebeu empréstimo do Banco Central Europeu e FMI. Imagem: ADVFN

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O 1º empréstimo não deu resultados práticos e, em março de 2012, um novo empréstimo se fez necessário, dessa vez de 130 bilhões de Euros.

Nada deu certo, não adiantava aumentar impostos em um país com o desemprego crescente. É um círculo vicioso: maior desemprego  significa menor consumo, menor consumo significa mais demissões (desemprego).

Manifestação na Grécia contra as medidas de austeridade do governo. Ninguém aceita perder direitos. Imagem: Internet.

O retrato do Desastre

O Pib Grego recuou 25% após 2008, o nível de desemprego está por volta de  26% e mais de 30% da população está mergulhada na miséria.

Para se fazer parte da zona do Euro um país deve ter, em dívidas, no máximo 60% do seu PIB. A Grécia tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 185 % do seu Produto Interno Bruto (PIB), conforme reportagem do site G1.

Como PIB é tudo que um país produz ao longo de um ano, percebe-se o tamanho do buraco em que a Grécia se meteu.

A maioria dos especialistas dizem que a dívida grega é impagável,  cerca de 320 bilhões de euros (em torno de R$ 1 trilhão)

No próximo texto abordaremos os mais recentes acontecimentos deste caso e o plebiscito realizado pela população grega.

Espero ter aumentado o conhecimento de todos os leitores. Curtam nossa página no Facebook e compartilhem nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 12.07.2015

 

 

 

 

3 comments to “50. Crise: As Ruínas Gregas”
  1. Ótimo texto. Mas por que a crise grega e a eventual retirada da Grécia da zona do Euro provocou a queda nas bolsas pelo Mundo?

    • No próximo texto explico, o problema não é somente a Grécia, que inclusive tem uma economia muito pequena. A questão é que se o exemplo grego foi seguido, e vários países não pagarem suas parcelas da dívida ou tiverem que sair da Zona do Euro, e Europa e o mundo capitalista podem entrar em uma grave recessão. Países como Itália, Espanha, Irlanda, Portugal também passam por problemas econômicos.

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