61. Energia Geotérmica

Em nossos dois últimos textos abordamos um dos temas mais importantes de nossa sociedade, a geração de energia. Hoje, veremos uma interessante matriz energética, pouco conhecida no Brasil:

Energia Geotérmica ou Geotermal

São palavras gregas, Geo significa Terra, térmica é calor, portanto é uma energia que se utiliza das altas temperaturas do interior do nosso planeta para aproveitamentos diversos.

Em um texto de nosso blog, observamos que os seres humanos vivem em uma camada da Terra conhecida como Crosta. Abaixo desta camada, existe outra, bem diferente,  formada pelo magma e conhecida como Manto. Este material pastoso chamado de magma está a 600ºC e, na maioria dos casos, muito distante de nós, em profundidades que variam de 6 a 75 Km.

Nossa crosta é quebrada em pedaços chamados de placas tectônicas. Nos limites entre eles, é comum o magma estar mais próximo da superfície do que o normal, aquecendo a água armazenada dentro das rochas subterrâneas.

Essas fontes de água superaquecidas próximas a superfície tem variadas utilidades, como por exemplo, aquecer habitações, piscinas e parques termais, estufas de agricultura, processos industriais e, o principal, centrais geotérmicas para a produção de energia elétrica.

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Castle Geyser, Yellowstone (EUA), expelindo água quente e vapor. Um exemplo da força do interior do planeta. Imagem: Internet.

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Os Romanos já usavam esta energia para usos medicinais, em Pompeia, o calor já aquecia edifícios. Atualmente, a França aquece cerca de 200 mil casas com esta matriz energética.

Centrais Geotérmicas

A energia elétrica pode ser obtida através da perfuração do solo em locais onde existem grandes quantidades de vapor d’água em altíssima pressão. Esse fluxo, em alta temperatura, deve ser canalizado até a superfície terrestre por meio de tubulações especializadas. Chegando aqui em cima é direcionado a uma central elétrica geotérmica, onde irá girar as lâminas de uma turbina. Por fim, a energia obtida através da movimentação das lâminas (energia mecânica) é transformada em energia elétrica através do gerador.

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Figura demonstrando o funcionamento de uma usina geotérmica. A água fria desce, é aquecida, e retorna em forma de vapor. Imagem: Alunos online

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Hoje, é possível “estimular” o aquecimento da água, perfurando, além de um tubo para receber o vapor, outro para reenviar a água, dessa vez fria, de volta ao interior do planeta. Se a geografia do local não permitir, qualquer curso d’água pode fornecer o recurso hídrico para ser enviado. Dessa forma, a fonte se torna inesgotável. Entretanto, como todas as matrizes energéticas, a geotérmica tem seus prós e contras:

 Pontos Positivos

– Uma reportagem do site G1 abordou o tema. Ela nos mostra que o Google e o Governo dos EUA estão investindo US$ 43 milhões para injetar água embaixo de um vulcão, para que se aqueça e retorne a superfície gerando energia. Outra reportagem, do site UOL, nos mostra que o Japão, após o acidente nuclear de Fukushima, também investiu em energia geotérmica. Com um trio poderoso deste investindo, me parece óbvio o crescimento desta matriz nos próximos anos.

– Desde a segunda metade de século XX vem se expandindo e já é utilizada em países como Itália, Portugal,  Islândia, Nova Zelândia, Filipinas, México e Quênia.

Em 2013, a Nova Zelândia anunciou a conclusão da maior fábrica de energia geotérmica do mundo, Ngatamariki. Imagem: Internet.

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– Com as condições certas, é uma fonte que dura 24 horas por dia e é inesgotável;

– A matéria prima geradora do calor é gratuita;

– Os gases lançados pelas centrais geotérmicas são irrelevantes em termos de poluição e aquecimento global. Se todos os cuidados ambientais forem assegurados, é uma energia limpa.

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Usina italiana de Larderello, uma das mais antigas do mundo. Está muito próxima das casas, mostrando que é uma fonte de energia segura. Imagem: Internet.

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– Diminui o uso de combustíveis fósseis.

– É uma alternativa fantástica para locais isolados e com condições para sua geração.

Pontos Negativos

– As águas que chegam das profundezas vem misturadas com  ácido sulfídrico (H2S), que provoca corrosão dos equipamentos e, em alguns casos, um forte mal cheiro.

– Em usinas que não possuem a tubulação que injeta a água de volta, deve existir um tratamento para o líquido que chega a superfície antes de descarta-lo nos rios, já que ela vem misturado com minérios prejudiciais a saúde.

– Obviamente, se água não retornar para baixo, mais cedo ou mais tarde a reserva irá secar, impedindo a geração de energia. Outro problema relacionado é o rebaixamento do solo, resultado do esvaziamento do interior das rochas.

– Depende de uma série de fatores para sua instalação. O Brasil, por exemplo, está localizado no meio de uma placa, longe das bordas, impossibilitando o uso. As águas subterrâneas mais quentes por aqui estão em Caldas Novas-Goiás, e atingem cerca de 57ºC. São usadas para recreação, mas para geração de energia não são suficientemente aquecidas. Para chegarmos a uma água mais quente, teríamos que atingir profundidades muito grandes, o que, economicamente, inviabiliza o processo. Veja mais sobre os avanços desta energia no Brasil no site Pensamento verde.

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Os hotéis e clubes de Caldas Novas-GO fascinam.  É uma forma de se aproveitar o poder do interior do planeta, mas para energia elétrica é inviável. Veja mais em Guia Mochileiro.

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– A construção das usinas, com perfurações,  merecem grandes gastos, fazendo os custos iniciais serem dispendiosos.

A ideia deste post, e do blog em geral, é levantar o debate, trazer novidades, dando aos leitores maior capacidade de entendimento dos fatos.

Espero ter aumentado o conhecimento de todos os leitores. Curtam nossa página no Facebook e compartilhem nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 19.08.2015