86. Chê

Ernesto Rafael Guevara de La Serna, com certeza, o mais famoso revolucionário de toda história mundial.

Considerado por muitos um homicida sanguinário, idolatrado por outros como grande exemplo de homem, coragem e luta. Tem seu peso em fama condizente com a polêmica existente em torno de seu nome. Consegue algo surpreendente, é ícone pop, da moda e  simultaneamente da contra cultura, dos excluídos.

Obviamente, nosso blog não tem como meta detalhar a vida do guerrilheiro, para isso existem os livros biográficos, mas tentaremos mostrar como o revolucionário foi construindo seu pensamento ao longo de suas experiências de vida.

Nascimento

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Guevara ainda bebê. Imagem: Internet.

Nasceu no dia 14 de junho de 1928, em Rosário, na Argentina. Primogênito entre os cinco filhos de Ernesto Lynch e Célia de la Serna y Llosa. Desde criança sofria com asma, por isso, sua família se mudou para Córdoba, onde os médicos diziam ter um ar melhor para o garoto.

Sua mãe, mulher tremendamente politizada, sempre orientou o filho a ler bastante. Durante a adolescência teve o primeiro contato com com a literatura socialista. Leu as obras de  Marx, Engels e Lênin, que o impressionaram muito, pela forma como eles encaravam as questões sociais, sempre muito latentes na América Latina.

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Jovem Guevara. Imagem: Internet.

Em 1944, a família, que passava por uma delicada situação financeira, se mudou para Bogotá, na Colômbia. Neste momento de sua vida, inicia os estudos de medicina.

La poderosa

Em 1951, então com 23 anos, Guevara inicia, ao lado do amigo Alberto Granado, aquela que foi, provavelmente, a viagem que mudou sua vida.

Durante 8 meses, os dois se aventuraram por uma jornada pela América Latina, rodando cerca de 4.500 Km.  O interessante é que a prioridade não eram as grandes cidades e pontos turísticos. Passaram por minas de cobre, aldeias indígenas, vilarejos e até mesmo locais de reclusão de portadores da hanseníase, doença popularmente conhecida como lepra.

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Guevara acelerando sua “poderosa”. Imagem: Internet.

Essa jornada mudou bastante a forma de pensar de Guevara, antes um nacionalista argentino. Passou então a ter um pensamento macro, mais amplo, focado nas mazelas de toda a América Latina.

Guevara escreveu em seu diário:

“Não me nutro das mesmas formas que os turistas […]. A alma do povo está refletida nos doentes dos hospitais.”

Essa viagem foi muito bem retratada no filme “Diários de Motocicleta”, disponível dublado e completo no site youtube.

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Ernesto Guevara por volta dos seus 20 anos. Imagem: Internet.

Aumentando cada vez mais seu senso de justiça e vislumbrando um mundo menos desigual, Guevara voltou para a Argentina onde concluiu seu curso de medicina, se especializando em hanseníase. No mesmo período, começou a participar de atos políticos.

Em 1953, mergulha em uma nova aventura, dessa vez com outro amigo, Ricardo Rojo, visitando Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador e Guatemala.

Na Guatemala, Ernesto se depara com um governo fantoche, colocado no poder pelos norte-americanos para assegurar seus interesses no país. Indignado com tudo que viu ao longo de suas andanças pela América Latina, percebe que só a luta armada poderia obter resultados contra o imperialismo yankee.

Durante a viagem, conheceu Hilda Gadea, e com ela, teve a primeira filha, Hildita.

O Grande encontro

Em 1954, já ativista político e revolucionário, Guevara viajou para o México, onde viveu por dois anos. Em 1955, um momento especial,  foi apresentado a dois irmãos, Raul e Fidel Castro.

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Foto tirada na época em que Fidel e Ernesto Guevara se conheceram. Imagem: Internet.

Fidel já era um guerrilheiro experiente, havia tentado em 1953 tomar o quartel general do exército cubano chamado de Moncada. A ideia era armar o povo e iniciar um levante contra o governo. Foi preso e condenado a 15 anos de prisão. Por ser advogado, com grande prestígio frente a população cubana, pois lutava contra a ditadura de Fulgêncio Batista, foi libertado.

O ditador cubano achou que, com esta ação de perdão, se livraria de Castro, o exilando de Cuba. Ledo engano.

No México, Fidel era o líder do grupo M26, ou Movimento Guerrilheiro 26 de julho, alusão à tomada do Quartel Moncada, durante a qual Castro tentou render o mais conhecido reduto de presos políticos em Santiago de Cuba. A guerrilha estava em formação e treinamento para invadir Cuba e retirar o governo pró-Yankee de Batista.

Neste momento da história, Cuba, país distante apenas 176 Km dos EUA, era um verdadeiro quintal Norte-americano. A população sofria com graves problemas sociais que contrastavam com o luxo e a riqueza existente nas boates e cassinos destinados a uma minoria privilegiada.

Castro queria mudar as coisas e , mesmo não sendo cubano, Guevara adotou a causa da pequena ilha como se fosse sua, se juntando aos rebeldes.

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Fidel e Chê. Imagem: Internet.

Com o tempo, Guevara ganhou um apelido que marcou sua imagem para sempre. Por usar um vocativo muito comum na Argentina, no Uruguai e no Sul do Brasil, Ernesto Guevara se transformou no célebre Chê.

Admiração de Fidel

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Chê em 1964, 36 anos. Imagem: Internet

Castro e Chê se tornaram grandes parceiros, e se admiravam mutuamente.

Fidel Castro escreveu sobre Guevara: “O Chê era daqueles por quem todo mundo sentia imediatamente afeto, por causa de sua simplicidade, seu caráter, sua naturalidade, seu espírito de camaradagem, sua personalidade, sua originalidade. Quando nos encontramos com Chê, ele já era revolucionário formado; além disso, tinha um grande talento, uma grande inteligência, uma grande capacidade teórica”.

Castro também se impressiona com o caráter do argentino: “O Che tinha asma. Ali estava em Popocatépetl, um vulcão que fica nas imediações do México, e todos os finais de semana ele subia. Preparava seu equipamento (a montanha é alta, 5.482 metros, de neves perpétuas), começava a subida, fazia um esforço enorme e não chegava ao topo. A asma era um obstáculo às suas tentativas. Na semana seguinte tentava de novo subir o “Popo” e não conseguia. Nunca chegava ao topo, mas voltava a tentar de novo, e teria passado a vida toda tentando subir o Popocatépetl, fazia um esforço heroico, ainda que nunca chegasse ao cume. Vê-se o caráter. Dá uma ideia da fortaleza espiritual, de sua constância.”

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Treinados no México pelo guerrilheiro Alberto Bayo no México, cerca de 80 homens, entre eles Fidel Castro, Che Guevara, Raúl Castro e Camilo Cienfuegos, invadem Cuba, em uma ação tida como suicida. Imperdível!

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Publicado em 15.11.2015