101. Irã: A Revolução Islâmica

O Irã é um dos países mais comentados nos noticiários políticos há vários anos. George W. Bush, ex-presidente norte-americano, já incluía o país do Oriente Médio no que ele chamava de Eixo do Mal¹. Os governantes iranianos são tachados de radicais e autoritários.

Boa parte do que vem ocorrendo no Irã tem origem em uma enorme revolução ocorrida no ano de 1979, onde radicais religiosos chegaram ao poder instituindo no país, como leis, dogmas da religião islâmica.

Xá Reza Pahlevi

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Reza Pahlevi, xá do Irã. Imagem: Internet

Primeiramente, Xá era a denominação atribuída a uma série de monarcas iranianos que antecederam a revolução islâmica de 1979, cuja origem remonta à dinastia aquemênida.

Mohammad Reza pahlevi comandava seu país desde 1941, de forma tremendamente autoritária. Sua forma de governo favorecia os mais ricos, uma pequena parte da sociedade ligada diretamente ao seu círculo de amizades.

A maior parte da população iraniana vivia na pobreza, algo que conhecemos bem aqui no Brasil. Além disso, possuía grande afinidade com o mundo ocidental, em especial os EUA, o que desagradava bastante os líderes religiosos locais, temerosos da cultura exterior dizimar a local.

É notório hoje em dia que a própria CIA (Serviço secreto dos EUA) ajudou Pahlevi a se manter no poder durante tanto tempo. Já na década de 1970, o Irã estava repleto de multinacionais norte-americanas, ligadas principalmente a cadeia de produção do petróleo. Em contrapartida, uma série de acordos militares firmados com os EUA colocavam o exército iraniano entre os mais poderosos do mundo.

Nas mãos do xá, o país vivia grande pobreza, inflação, perseguições de opositores, censura e prisões. A popularidade do regime era muito baixa.

Ruhollah Khomeini

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Aiatolá Khomeini, líder supremo do Irã pós 1979. Imagem: internet

Entre os maiores críticos da monarquia iraniana estava o aiatolá Ruhollah Khomeini, exilado² desde 1964 e vivendo na França. Um aiatolá é considerado, sob as leis do islamismo xiita, o mais alto expoente da hierarquia religiosa.

Em 1977, pressionado pelo presidente norte-americano Jimmy Carter, o xá, procurando melhorar sua imagem, libertou 300 prisioneiros políticos, relaxou a censura e reformou o sistema judicial. O tiro saiu pela culatra quando em 1978 a figura de Khomeini foi atacada pela TV estatal. Sentindo a fraqueza do regime, uma série de protestos explodiram nas ruas. Em 8 de setembro de 1978, em um confronto contra o exército, 90 pessoas foram mortas.

A situação no país estava insustentável. Em 16 de janeiro de 1979 o Pahlevi abandonou o país, deixando um governo fantoche em seu lugar.

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Khomeini chegando no Irã após 15 anos de exílio. Imagem: Internet

Obviamente os novos governantes não teriam como se sustentar e, em 1º de fevereiro, Khomeini retorna ao Irã nos braços do povo. Tomou, com a força das ruas o poder, criando uma república islâmica onde seria o líder supremo. Em 1º de abril do mesmo ano, um referendo ratificou o governo dos aiatolás.

Resultado

Já em 1979, em plena Guerra Fria, o Irã se declarou não alinhado a nenhuma das duas grandes potências da época (EUA e URSS), consideradas regidas pelo “Grandes Satã”.

Os partidários do xá foram executados. Em relação as mulheres, o véu passou a ser obrigatório, assim como foram proibidas de viajar e se divorciar. Um depoimento de uma mulher a justiça passou a valer metade que a de um homem. Veja a reportagem completa no site de Folha de São Paulo.

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Povo saudando Khomeini. Imagem: Internet

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A princípio, a constituição iraniana com seus 14 capítulos é relativamente parecida com de outros países democráticos, inclusive tendo eleições para ocupar os principais cargos. O detalhe é que temos inserida nela um poder quase total dos líderes supremos (religiosos), acima dos cargos públicos, com totais privilégios de decisões.

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Pintura de Khomeini nos dias de hoje em Teerã, capital do Irã. Imagem: Internet

Para se ter noção de como funciona, os líderes religiosos no Irã controlam as Forças Armadas, o Poder Judiciário e a imprensa estatal (rádio e TV), além de escolher quem pode ou não concorrer às eleições presidenciais no país.

Assim sendo, fica completamente deturpado os direitos dos cidadãos em um ambiente onde se tem pessoas consideradas semideuses, os aiatolás. Em 2014 o embaixador iraniano no Brasil defendeu a “democracia” Iraniana, confiram.

O que se conclui é que, ao final do processo de 1979, a busca pela democracia acabou trocando uma autocracia monárquica por uma religiosa. Se foi vantagem ou não, deixo para o leitor concluir.

Próximo texto

Em nosso próximo post mostraremos a crise instalada entre Irã e o Ocidente na década de 1980, além da invasão da embaixada Norte americana. Imperdível.

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1 – Eixo do mal – Foi uma expressão adotada pelo presidente dos EUA, George W. Bush,  para se referir a governos que ele considerava hostis ou inimigos dos EUA. Inicialmente foram incluídos Irã, Iraque e Coreia do Norte no grupo.

2 – Exílio – É o estado de estar longe da própria casa (país). O indivíduo fica definido como expatriado ou exilado. Pode ocorrer de forma voluntária ou forçada.

Publicado em 27.01.2016