174. Relevo Brasileiro: Aroldo e Aziz

Um dos pilares da geografia é a geomorfologia, ramo que estuda as formas do relevo terrestre e investiga a sua gênese e evolução. Por sua vez, relevo é o conjunto de saliências e reentrâncias de uma superfície, no caso estudado, da Terra. É um estudo muito complexo, já que existem inúmeras formas de se classificar a porção superior da crosta terrestre. A cada dia aprimoramos mais as tecnologias e conhecemos cada vez melhor o planeta onde vivemos, por isso é uma ciência que está sempre se reciclando.

O Brasil é um país enorme, nesse quesito podemos nos orgulhar, porém, possui um relevo bastante antigo e muito desgastado pela erosão. Isso torna nossa altimetria muito baixa. Mais de 99% de nosso território está abaixo de 1.000 metros, uma altitude medíocre para níveis internacionais. Para termos noção de quanto as elevações em nosso terreno são modestas, não existe no Brasil nenhum local acima de 3.000 metros.  E olha que essa altitude nem de perto lembra as mais altas do planeta, como os 8.848 metros do Everest.

Clique para ampliar. As cores mais próximas do laranja mostram regiões acima de 1.000 metros. Muito poucas no Brasil. Vermelho, acima de 1.800 são raríssimas. Imagem: Internet

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O que explica essa condição de relevo baixo são os longínquos movimentos orogenéticos que formaram as áreas mais altas do nosso país, que ocorreram na fase chamada de Pré-Cambriano, geralmente mais de um bilhão de anos atrás. Como atualmente estamos no meio de uma placa tectônica, longe das bordas, há milhões de anos não temos elevações de grandes porções de terras por aqui. Desgastado, nosso relevo só diminui.

Ao longo do século XX, nosso país já teve 3 grandes classificações de sua superfície:

Aroldo de Azevedo

Essa é a primeira e mais antiga classificação do nosso relevo. Por ser muito antiga está desatualizada, mas ainda é utilizada pela sua simplicidade. Não é demérito estar ultrapassada, já que essa classificação foi elaborada na década de 1940, sendo divulgada em 1949. Com os parcos recursos tecnológicos da época foi um enorme feito, ainda mais levando em conta o enorme tamanho de nosso território.

Na visão do autor, só existem no Brasil planícies e planaltos. De forma elementar, se a região estiver acima de 200 metros de altitude ela é planalto (59% do Brasil), se tiver abaixo é uma planície (41%).

Classificação do relevo brasileiro segundo Aroldo de Azevedo. Imagem: Internet

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Segundo esta classificação, existem 4 planaltos no Brasil, como podem ser observados na imagem acima: Das Guinas, isolado no norte e do país e  o Planalto Brasileiro, subdividido em 3: Central, Atlântico e Meridional. As planícies também são 4: Amazônica, Pantanal, Pampa e Costeira.

O Pantanal está presente nas 3 classificações do relevo brasileiro, tendo todas as características marcantes de uma planície, baixa altimetria e relevo relativamente plano. Imagem: Internet

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Os próprios nomes já nos dão uma noção da localização de cada um. O famoso planalto central, difundido em músicas do Legião Urbana, banda de Brasília, vem dessa classificação e da posterior.

Aziz Ab´Saber

Em 1958, outro importantíssimo professor realizou nossa segunda classificação. Também a partir do Departamento de Geografia da USP, Aziz Ab´Saber deu novos rumos ao nosso entendimento em relação ao relevo.

A grande mudança foi em relação ao que difere um planalto de uma planície. Para Aziz, um planalto é uma região onde o processo de erosão (perda de sedimentos) é maior que o de sedimentação (deposição de sedimentos). Mas se nosso leitor comparar as duas classificações, irá perceber que são bem parecidas.

Foi um parâmetro fantástico, já que em regiões mais altas a tendência é  que o sedimento perdido pela erosão desça, se depositando nas regiões mais baixas, as planícies, que ficam aplainadas.

O percentual de planaltos sobe para 75% de nosso território, ficando as planícies com 25%. O número de unidade sobe de 8 para 10.

Clique para ampliar. Classificação de Aziz Ab´Saber. Imagem: Internet

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São 7 planaltos: Uruguaio-Sul-Riograndense, Meridional, Serras e Planaltos do Leste-Sudeste, Nordestino, Maranhão-Piauí, Central e das Guianas. As Planícies agora são 3: Terras Baixas Amazônicas, Pantanal e Terras Baixas Costeiras.

Mais uma vez, os nomes já nos indicam o local de cada unidade, facilitando bastante o estudo. Também é uma classificação utilizada até os dias de hoje.

Próximo texto

Nosso post da semana que vem liquida o assunto trazendo a classificação mais recente de nosso relevo, elaborada pelo professor Jurandyr Ross com ajuda da tecnologia. São 28 unidades distintas. Imperdível e matéria indispensável para o ENEM.

Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 01.08.2017