171. Chuvas

A chuva é um evento climático muito comum na vida da maioria dos brasileiros. Pode causar muitos estragos quando é forte, porém é essencial para a manutenção da vida no planeta. É através da evaporação e posterior condensação e precipitação que a água retorna aos continentes.

Denominamos essa constante mudança de estado físico da água de ciclo hidrológico. Sem chuva, o líquido mais precioso do planeta só seria encontrado no mar, congelado em geleiras ou no subsolo. Sem rios, a captação de água seria mais difícil e finita.

Clique para ampliar. Ciclo da água ou hidrológico, essencial para a vida na Terra. Pelo menos na diversidade que conhecemos. Imagem: Internet

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O instrumento que mede a quantidade de chuva, em milímetros lineares, se chama pluviômetro. É como coletar a chuva em uma proveta que tenha uma régua na vertical, medindo o quanto ela se encheu.

Muitas pessoas não sabem, mas os pluviômetros possuem medidas específicas. Lembramos isso pelo fato de existirem oficinas para se construir pluviômetros com garrafas PET, entretanto, para medidas oficiais ele não está nos parâmetros corretos, servindo mais como uma forma lúdica de dar uma aula diferente e participativa. No Brasil o  mais utilizado é o padrão francês, conhecido como Ville de Paris.

Tipo de pluviômetro mais usado no Brasil, conhecido como Ville de Paris. Imagem: Internet

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Podemos classificar as chuvas de várias maneiras, como por exemplo em relação ao seu pH. Quanto menor, mais ácida é a água, provocando estragos, tema de nosso próximo texto. A intensidade da precipitação também pode ser classificada. O foco de nosso texto de hoje é diferenciar os 3 tipos de chuvas existentes tendo como parâmetro a gênese de cada uma.

Antes, é preciso que nosso leitor compreenda o significado de 3 variáveis presentes na formação das chuvas, leia com atenção:

Umidade Absoluta do Ar

O ar que respiramos geralmente está cheio de umidade. Obviamente não notamos pelo fato da água em seu estado gasoso ser invisível aos nossos olhos. Umidade absoluta do ar é a quantidade de vapor de água (em gramas) presente em um metro cúbico de atmosfera.

Ponto de Saturação do Ar

A atmosfera terrestre não tem capacidade infinita de conter vapor de água. Existe um limite que chamamos de ponto de saturação, já que, quando atingido, o vapor condensa e se transforma em gotículas. Unidas, se tornam mais pesadas e se precipitam, fenômeno que chamamos de chuva.

Fazendo uma analogia,  imagine um caminhão, sua caçamba tem uma determinada capacidade de carga que não pode ser ultrapassada, senão transborda. O mesmo ocorre na atmosfera.

O ponto de saturação é uma variável que depende da temperatura atmosférica. Quanto mais quente, mais vapor de água pode estar presente na atmosfera. Temperaturas frias comportam poucas gramas de vapor antes de condensar. Novamente fazendo uma alusão ao caminhão, no calor a caçamba é maior, diminuindo a medida que esfria. Como exemplo, um ar a 40ºC comporta 51 gramas de vapor de água, já em uma temperatura de 0ºC somente 5 gramas.

Observem que a medida que a temperatura sobe, eleva-se também o ponto de saturação. Imagem: Internet

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Uma pergunta frequente em sala de aula é se pelo fato de comportar menos vapor os climas frios são mais chuvosos. O detalhe é que nos climas quentes temos a tendência de maior evaporação, então o ponto de saturação, mesmo alto, também é atingido, equilibrando a disputa.

Umidade Relativa do Ar

Muito comentada na televisão, junto a previsão do tempo, a umidade relativa é simplesmente a relação percentual entre a umidade absoluta e o ponto de saturação. O aparelho que mede a umidade relativa do ar se chama higrômetro.

Termo-Higrômetros digitais como este da foto podem ser comprados a partir de 70 reais. Imagem: Internet

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Exemplo, se o ponto de saturação de um local é 40 gramas de vapor de água por m³ e a umidade absoluta medida foi de 20 g/m³, temos uma umidade relativa de 50%. Significa que a umidade absoluta já atingiu metade do ponto de saturação. Chove quando ele é atingido, ou seja, 100% de umidade relativa do ar. Como a água em estado líquido não se sustenta no ar por ser pesada, cai em forma de chuva.

Um ar com baixa umidade provoca danos a nosso sistema respiratório. Próximo a 10% a situação se torna crítica.

Diferentes graus de umidade relativa do ar. Muito seco pode afetar nossa saúde. Imagem: Internet

Tipos de chuva

Entendidas as 3 variáveis, vamos aos 3 tipos básicos de chuva:

Chuva Frontal ou Ciclônica

Tem sua formação a partir do encontro de duas massas de ar, uma quente e úmida com uma fria e seca. Como o ar frio é mais pesado, fica por baixo, formando uma rampa, impulsionando o ar quente para cima. A medida que o ar quente e úmido sobe ele entra em contato com uma atmosfera mais fria e vai se resfriando. Com a diminuição de temperatura, seu ponto de saturação também cai, fazendo que que este ar não suporte mais a quantidade de vapor de água que suportava antes. O vapor condensa e chove. É como se a caçamba do caminhão fosse diminuindo à medida que o ar foi se resfriando.

Desenho mostrando o choque entre uma frente fria com o ar quente, que se eleva, resfria e chove. Imagem: Internet

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Chuva de Convecção ou Convectiva

Também denominadas popularmente de chuvas de verão, devido a estação do ano em que são mais comuns. Ocorre em dias muito quentes, quando o calor provoca intensa evaporação da água na superfície. Esse ar quente sobe e, ao fim do dia, começa a se resfriar, já que está em uma altitude elevada. Ao perder calor, seu ponto de saturação abaixa e o ar não consegue mais manter a quantidade de vapor que antes.

Em dias quentes o ar sobe, se resfria e chove. Geralmente no fim da tarde. Imagem: Internet

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Geralmente esta chuva ocorre no fim da tarde e é muito rápida, porém intensa. Como se o céu estivesse descarregando todo o volume de água armazenado ao longo do dia.

Chuva Orográfica ou de Relevo

Tipo de chuva muito comum no litoral brasileiro. Ela ocorre quando do mar “sopra” um vento que empurra uma massa de ar quente e úmida para o continente, onde se depara com uma barreira natural, subindo. A medida que se eleva, esse ar se resfria e seu ponto de saturação abaixa, repetindo o que ocorre nos outros tipos de chuva.

O desenho nos mostra o ar quente e úmido se chocando com o relevo, subindo, se resfriando e chovendo. Imagem: Internet

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Um dos motivos que explica a aridez do sertão nordestino é o fato de existir uma barreira entre a região e o oceano. O nome dessa elevação é Planalto da Borborema, e quando as massas de ar úmido passam por ela, descarregam suas águas, chegando ao sertão secas.

Clique para ampliar. Perfil topográfico mostrando a interferência do planalto da Borborema no sertão nordestino.

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Espero ter aumentado seu conhecimento. Curta nossa página no Facebook e compartilhe nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 10.07.2017

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