47. Montserrat, A Pompeia Moderna

No post anterior,  compreendemos um pouco mais a origem dos temperamentais vulcões. Conferimos como são imprevisíveis e onde se localizam.

Neste,  o tema é uma das maiores catástrofes já provocadas por uma erupção vulcânica, que destruiu parte da Ilha de Montserrat, soterrando sua capital e provocando a migração de sua população. Algo só comparado a Pompeia e Herculano, cidades destruídas pela erupção do vulcão Vesúvio, no ano 79 d.C.

Conheça a Ilha

Montserrat é uma ilha do Caribe e se constitui como um território ultramarino do Reino Unido. Ao todo são 102 Km², possuindo aproximadamente 16 km de comprimento e 11 km de largura, com cerca de 40 km de litoral.

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Mapa do Caribe, destacando a localização da Ilha de Monteserrat. Fonte: World Atlas

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A ilha foi descoberta em 1493 por Cristóvão Colombo e, apesar de ser território britânico desde 1632, possui administração própria desde 1956.

Praticamente toda a ilha era coberta por uma rica floresta tropical úmida e a população residente era de 13 mil pessoas. Tudo isso mudou bastante após a catástrofe.

Plymouth

A capital da ilha, Plymouth, era uma das mais ricas das Índias Ocidentais, conjunto de ilhas da qual Montserrat faz parte. Com 3 ou 4 bancos e um regime tributário especialmente favorável aos cidadãos e empresas não residentes, tornou-se um paraíso fiscal para poderosos e bilionários de todo o mundo.

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Foto de uma praça de Plymouth antes do vulcão entrar em erupção. Imagem: Internet

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Na sequência do texto você poderá ver uma imagem desta mesma praça após as erupções.

Vulcão

Ao sul da pacata ilha, está localizado o vulcão Soufrière Hills, com 915 metros de altitude. Desde o século XVII não apresentava qualquer erupção, tendo sido estudado por geólogos que o consideraram pouco perigoso.

Na verdade, o próprio vulcão foi o responsável pela formação da ilha. A sua elevação, somada ao magma e cinzas expelidos no passado, criaram este belo pedaço de terras cercado por águas salgadas.

Acordou

Em 1995, após anos de inatividade, o Soufriére entrou em erupção, seguida por uma ainda maior em 1997. Nesta última, 19 pessoas morreram. Ao longo de vários dias, a capital da ilha foi sendo enterrada por consecutivos fluxos piroclásticos¹.

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Situação da capital Plymouth. Veja mais fotos no site: UrbanasCidades

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A Revista Superinteressante classificou o desastre do Soufriére asim:

O Soufrière pertence a uma categoria de vulcões que não derrama grandes volumes de lava. Ele é do tipo que ejeta colunas pesadas de cinzas, poeira, vapor e gases de enxofre. Na década de 1990, deu um espetáculo de detonações, produzindo bombas, que são fragmentos de rocha aquecidos a 800 graus Celsius e arremessados a 6 quilômetros de altura. Velocidade: 500 quilômetros por hora. Mas o Soufrière também criou seus rios de pedra derretida (magma). O maior deles chegou a ter 500 metros de largura.

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Resultado final da erupção. Destruição e soterramento completo de tudo que estava em seu caminho. Imagem: internet

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Dito isso, alguns locais ficaram soterrados por  mais de 12 metros de cinzas vulcânicas, destruindo o porto e toda a cidade. Tudo que estava pelo caminho foi soterrado por cinzas, outras regiões foram cobertas pela lava.

Desde 1995 o vulcão se mostra ativo e em  11 de fevereiro de 2010 lançou cinzas até as ilhas vizinhas de Guadalupe e Antígua e enterrou definitivamente o aeroporto da capital, que já estava inoperante.

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Situação da capital Plymouth após as erupções, coberta de cinzas. Imagem: Wikipédia

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Quando as cinzas se resfriam, solidificam, petrificando tudo que for atingido. Dois terços da população da ilha teve que ser removida, a maioria para a Inglaterra.  Atualmente, somente 4 mil habitantes ainda vivem no território, em sua porção norte, mais afastada do vulcão.

Soufriére em erupção. Imagem: Internet

Incrível fotografia flagrando o Soufriére em erupção. Imagem: Internet

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As explosões do Soufriére foram tão incríveis que em 2003 seu topo simplesmente colapsou, virou cinza. Veja na imagem abaixo:

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Imagem mais impressionante. Soufriére antes e pós explosão do seu topo. Imagem: Internet

Um interessante blog, registrou a aventura de um casal em Montserrat, assim como a tentativa de reconstrução da ilha, confira em 1000 dias por toda América.

Reconstrução

O governo britânico lançou um programa de três anos e de 122,8 milhões dólares para auxiliar a reconstruir a economia. Também forneceram um adicional de US $ 4,5 milhões para financiar o programa de limpeza das cinzas.

No entanto, este montante não será suficiente para restaurar a prosperidade pré erupção. Existe grande diferença entre ser Inglaterra ou território inglês.

A capital foi mudada provisoriamente para Brades, pequena cidade no Norte da ilha, longe do Vulcão. Uma nova capital está sendo construída na área de Little Bay. Diversos nomes estão sendo sugeridos para a nova capital, como Port Diana, em homenagem à falecida Princesa Diana, e St. Patrick’s, para atrair turistas norte-americanos, vários deles descendentes de irlandeses.

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Veículo soterrado em Montserrat.

Lição

Atualmente, cerca de 500 milhões de pessoas vivem próximas a vulcões ativos, correndo grandes riscos. São países populosos, em desenvolvimento, e a maioria não está  preparada para catástrofes. Países como Filipinas, Indonésia e México são exemplos do que estamos alertando. Mesmo o Japão, país referência na atuação em desastre, não estaria totalmente preparado. Planos de remoção de pessoas das áreas de risco e evacuação nos momentos de tragédia devem ser  prioridades em locais com este nível de risco.

Após a catástrofe, a parte sul da Ilha de Montserrat foi interditada por questões de segurança. Antes tarde do que nunca. O certo seria nunca ter  sido habitada.

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Zona de exclusão na Ilha de Montserrat. Imagem: World atlas

Para entender ainda mais este terrível episódio geológico, assista um vídeo sobre Montserrat no site Youtube.

Espero ter aumentado o conhecimento de todos os leitores. Curtam nossa página no Facebook e compartilhem nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 01.07.2015

1- Fluxo piroclástico: Também conhecido como “nuvem ardente”. São nuvens de cinza vulcânica e gás (100ºc a 800ºc), com alta densidade e temperatura, que descem com alta velocidade as encostas dos vulcões.