253. Monções

Em nosso texto 245 abordamos a circulação geral dos ventos no planeta Terra. O post de hoje complementa o assunto, com ventos de abrangências menores, porém, extremamente importantes para os locais onde atuam.

Monções

Neste momento em que escrevo o texto, a Índia passa por uma das monções mais fortes dos últimos 25 anos, vitimando centenas pessoas. Confira em reportagem da Revista Exame.

A palavra monção vem do árabe mausim, significando estação. Os navegantes da região usavam esses ventos mutáveis como forma de locomoção. O fenômeno ocorre em 1/4 das regiões tropicais do mundo, mas é verdadeiramente famoso no subcontinente indiano.

As monções consistem na diferença de temperatura, consequentemente de pressão, entre o continente asiático e o Oceano Índico. No inverno, de dezembro a fevereiro, o continente fica mais frio que o mar, criando uma área de alta pressão, expulsando o vento e impedindo a chegada da umidade.

No verão do hemisfério norte a situação se inverte. A Ásia, maior bloco continental do planeta, se esquenta muito mais que o oceano, gerando uma área de baixa pressão, atraindo os ventos úmidos do Índico. Ao chegarem, parte de umidade se choca com o colossal Himalaia, provocando muita chuva, conhecida como orográfica ou de relevo. Essa estação úmida vai de junho a agosto e as temperaturas explodem, chegando a 48ºC.

Saiba mais sobre altas e baixas pressões em nosso texto 253. 

Clique para ampliar. Monções de inverno e verão. Todo o Sudeste Asiático estrutura suas sociedades embasadas nessas duas estações. Imagem: Internet.

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Da mesma forma que a terra firme esquenta mais que o oceano, também esfria com maior rapidez. Podemos notar isso ao perceber uma pedra exposta ao Sol, sempre extremamente quente. Em contrapartida, em uma madrugada gelada ela também resfria completamente.

Vários motivos explicam esse diferencial de aquecimento entre a terra e a água. Resumindo, já que essa matéria é de física, a água é móvel, distribuindo o calor por uma massa muito maior, além de ser transparente, deixando a radiação penetrar. O solo é firme e a superfície absorve toda a radiação. O calor específico da água (quantidade de calor necessária para aumentar 1ºC grau) é quase 3 vezes maior que dos materiais sólidos continentais. Por fim, sobre a água do mar temos muita umidade, o que ajuda a reter temperatura, diminuindo as mudanças bruscas e tornando elas mais sutis.

Ônibus com passageiros atravessa uma via inundada durante as chuvas de monção em Mumbai, na Índia. Imagem: Shailesh Andrade/Reuters

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Como exemplo, o Hemisfério Norte é composto por 39% de terra e 61% de água. Já o Sul, tem apenas 19% de solo firme e 81% de água. Pelo que já escrevemos anteriormente, com muito mais oceanos, as amplitudes térmicas austrais são bem menores. Vejam abaixo:

Latitude 30°: Amplitudes Térmicas (Norte 13) (Sul 7)

Latitude 45°: Amplitudes Térmicas (Norte 26) (Sul 6)

Latitude 60°: Amplitudes Térmicas (Norte 30) (Sul 11)

Latitude 90°: Amplitudes Térmicas (Norte 40) (Sul 31)

As populações da Índia, Paquistão e Bangladesh, algo próximo a 1,6 bilhão de habitantes, regem suas vidas por estas estações. O plantio e a colheita dependem das chuvas das monções para alimentar algo próximo a 20% da população mundial. E olha que ainda existem outro países envolvidos, como Indonésia, Malásia, Vietnã, entre outros. Daí a importância desse texto.

Brisas

Ocorrem em todos os litorais onde não existem grandes sistemas globais de ventos interferindo no processo, ficando envolvida só a relação terra e água. São comuns em dias de grandes aquecimentos diurnos e resfriamentos noturnos, mudando as direções  dos ventos.

Assim como no item anterior, esse sistema está ligado ao diferencial de aquecimento entre o continente e o mar, gerando  gradientes de pressão diferentes.

Desenhos mostrando as diferentes brisas envolvidas no processo. Imagem: Internet.

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Ao longo do dia, a radiação solar esquenta a superfície terrestre, gerando uma área muito quente de baixa pressão, atraindo os ventos úmidos do mar. Ao final do dia, o continente esfria mais rapidamente que a água, fenômeno já explicado anteriormente, gerando um fluxo superficial oposto, da terra para o mar.

Cada região costeira tem sua brisa marítima própria, algumas o ano inteiro, outras na primavera e verão, estações de maior radiação solar.

Outros Ventos

Em um nível mais local, temos ventos que são famosos, recebendo até nomes próprios. Trouxemos alguns para exemplificar:

Scirocco (Siroco): É um forte vendo que sopra do Deserto do Saara em direção ao Norte da África.  Muito seco e quente, ás vezes chega até a Europa, atingindo países como Itália, Espanha e França. Em cada país ele tem um nome, como por exemplo Maledetto Levante, como é conhecido na Sardenha.

Em 1951, um filme estrelado por Humphrey Bogart recebeu o nome de Sirocco, aqui no Brasil chamado de “Vento do deserto”.

Mistral: É um vento seco e frio, mais forte no inverno e primavera. Sopra do Sul da França em direção ao Mar Mediterrâneo, podendo chegar a Espanha e Itália. Se associado a uma frente fria pode provocar até mesmo neve.

Bora: Vento forte e frio, muito comum no Mar Adriático, podendo chegar a 150 km/h. Sopra entre Trieste (Itália) e Montenegro. De acordo com a topografia local, os Balcãs, os jatos podem ser mais fortes ou mais suaves. Muitos turistas que vão a Croácia, atualmente muito visitada, se impressionam com a força desse vento.

Clique para ampliar. Mapa mostrando alguns dos ventos citados acima. Imagem: Internet.

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Minuano: É um vento frio e seco, de origem polar, geralmente ocorre após a passagem de uma massa proveniente da Antártida, no outono e inverno. O nome deriva de um grupo indígena muito feroz, assim como o próprio vento, que habitava o Rio Grande do Sul.

O Minuano tem direção sudoeste, atravessando os estados do Sul do Brasil. Imagem: Internet.

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Quando ele passa por todo o Sul do Brasil geralmente indica céu limpo, após a chuva. Porém, é tremendamente frio.

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Publicado em 14.10.2019