51. Crise: Presente de Grego

No texto de hoje, daremos continuidade ao assunto do último post, a séria crise econômica vivida pela Grécia.

A partir de 2008 a Grécia entrou em uma espiral de problemas econômicos. No meio dessa caminhada, o povo foi as ruas reclamar das medidas de austeridade tomadas pelo governo. Algumas manifestações  foram violentas e a polícia fez uso de bombas de gás lacrimogêneo, como pode ser observado em reportagem do site G1. 

No mesmo site, percebemos que as discussões políticas no país estão tão acirradas que ocorreram homicídios e facadas entre facções adversárias.

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A Grécia está rachada e em crise. Imagem: Finanças Feminas.

Extrema esquerda no poder

Em todo país em crise, abre-se a possibilidade da chegada ao poder de grupos mais extremados. Irritados com os tradicionais partidos que comandaram o país durante anos, em 2012, o povo elegeu Aléxis Tsípras, de 40 anos,  líder da Coligação da Esquerda Radical (SYRIZA). Esse novo governo não é favorável ao pagamento da dívida grega, pelo menos nos termos que a Troika exige.

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Aléxis Tsípras , eleito em 2012. Imagem: Internet.

No desespero, querelas antigas voltam a tona

Uma das estratégias do novo governo grego para remediar a dívida do país foi cobrar da Alemanha o equivalente a R$ 1 trilhão, por danos causados pela invasão nazista durante a  2º Guerra mundial.

A Alemanha é a maior credora da dívida grega, portanto maior interessado na solução do problema. Fonte: BBC

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A Alemanha, por sua vez, respondeu que tudo foi pago durante a década de 1960. Veja a polêmica em uma reportagem da BBC. Beira o ridículo uma cobrança dessa, imaginem se virar moda?

Nessa linha de raciocínio, 0 Brasil, por exemplo, cobraria pelos 322 anos (1500 a 1822) de exploração portuguesa por essas bandas.

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Nazistas hasteando a bandeira do 3º Reich em Atenas durante a 2º Guerra Mundial. Imagem: Internet.

Plebiscito popular

O governo não é a favor do pagamento da dívida, porém, não quer arcar com os custos dessa decisão sozinho, então promoveu um plebiscito, em 5 de Julho de 2015, para apurar a decisão popular.

A própria pergunta do plebiscito era confusa, e gerou muitos comentários nas redes sociais:

Cédula de votação. OXI é não. NAI é sim. Imagem: Internet.

Tradução:

Deveria ser aceito o plano de acordo, que foi submetido pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional no Eurogrupo de 25/06/2015 e composto por duas partes, que constituem sua proposta unificada?

O primeiro documento é chamado “Reformas para a conclusão do atual programa e além” e o segundo “Análise preliminar de sustentabilidade da dívida”.

NÃO ACEITO / NÃO

ACEITO / SIM

O voto SIM, implicaria em aceitar o acordo proposto pela Troika.  A Grécia continuaria recebendo ajuda internacional porém teria que fazer duras reformas econômicas.

A outra opção, NÃO, implicaria em um fortalecimento do governo, porém o país não teria mais a ajuda da Troika, não tendo como pagar as parcelas de suas dívidas.

Vitória do NÃO

Com os ânimos exaltados,  a vitória foi do NÃO, com 63,3% dos votos.

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Vitória do OXI (NÃO). Isso deu ao governo Grego maior condições de negociar. Imagem: Internet.

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Na última segunda (12.07),  após longo encontro entre os envolvidos, foi fechado um novo pacote de ajuda a Grécia. Como o parlamento grego tem que aprovar o acordo, existe a chance dele não passar, já que o povo se mostrou contra as medidas de austeridade anexas a ajuda financeira.

Duas opções:

1. Grécia recebe a ajuda, paga a parcela e fica no Euro.

Nada vem de graça, para receber esta nova ajuda, a Grécia terá que fazer ajustes profundos como cortes de gastos, privatizações, demissões, aumento de impostos, ampliação da base de contribuintes e diminuição do valor das pensões pagas pelo governo. Não será fácil!

2. O parlamento recusa o acordo e o país sai da Zona do Euro.

Sem o apoio internacional, o Grécia não paga as parcelas de suas dívida, sai da Zona do Euro, volta a sua moeda antiga, o Dracma, e se isola do mundo capitalista, já que ninguém irá investir em um país que da calote. A economia com certeza sofreria.

O cobertor é pequeno, cada grego terá que dar sua parcela de contribuição para sair do buraco.

Efeito Dominó

O maior perigo é que a Grécia se transforme em um exemplo a ser seguido pelos PIIGS, acrônimo¹ pejorativo usado pela imprensa britânica, para designar o conjunto das economias em crise: Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha (Spain). Entenda mais o termo  “Piigs” em reportagem do site IG.

Se o calote grego se concretizar e servir de exemplo para outros países, com certeza uma grave crise atingirá o continente europeu, podendo abalar as estruturas da economia mundial.

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Charge mostrando os Piigs se alimentando do Euro. Imagem: Internet

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Nos gigantes econômicos Citigroup e JPMorgan Chase, a palavra, que em inglês significa “porco”, é usada em seus relatórios, o que gerou muita polêmica, como pode ser observado em uma reportagem do Estadão.

A solução não virá em curto prazo, a crise irá durar alguns anos. Vamos aguardar os próximos capítulos desta triste novela.

Espero ter aumentado o conhecimento de todos os leitores. Curtam nossa página no Facebook e compartilhem nosso texto! Abraço do Clebinho!

Publicado em 15.07.2015

1 – Acrônimo: Palavra formada pelas letras ou sílabas iniciais de várias outras palavras.

 

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